O PINTOR DE ALMAS, ILDEFONSO FALCONES [OPINIÃO]

Olá, Booklovers! 

Hoje partilho mais uma opinião convosco de uma novidade recentemente lançada em Portugal. E, em primeira mão, digo-vos que é um livro delicioso. Não pela miséria traçada ao longo da história, mas na escrita de Ildefonso. Um escritor que, outrora, não tinha lido até então. 

EXPETATIVA | O PINTOR DE ALMAS

Resumidamente, a história fala-nos da mudança ao longo do século XX em Barcelona. Enquanto novos edifícios eram construídos (Modernismo), os operários nas ruas lutavam por melhores condições de trabalho - Para trabalharem apenas 8 horas por dia e, um salário mais justo. 

Além da miséria, pobreza, doença que reinava nas ruas, Dalmau Sala, abstraía-se com o seu dom - a pintura. Ele é - apenas - Filho de uma costureira e de um trabalhador numa fábrica de cerâmica. 

Contudo, a sua paixão entre a arte, o Modernismo, a luxúria dos burgueses, Dalmau sente-se dividido entre o amor de uma bela mulher bonita, os seus valores e, a compulsiva luta pelos direitos dos trabalhadores. 

Podia, contar muito mais da história, mas não irei fazê-lo mais do que a sinopse permite, para não dar spoilers nem estragar a vossa leitura.

Esta história fala-nos da arquitetura, pintura, injustiça, luta social entre as várias classes sociais (Nobreza, Clero, Burguesia, Povo/Classe Operária) da Barcelona no século XX, nos seus diferentes bairros e zonas. Também é questionado o papel da mulher na sociedade.

"(…) Temiam uma mulher, uma mulher livre que se afastasse dos deveres familiares tradicionais e questionasse a sua posição de submissão ao homem."

(Pag. 278)

 
Em relação às personagens, achei-as cheias de vida e personalidade. Adorei a Emma, uma mulher determinada, lutadora, cheia de garra que lutava compulsivamente pelos direitos dos trabalhadores.

Confesso que, teve certas partes - E, claro que já tinha ouvido falar delas - que fez-me impressão - por sentir que era tão real.

É um livro delicioso. Até me fez apaixonar por arte e, eu que nunca fui muito de história e de arte. 

"Era esse o grande inimigo dos anarquistas e republicanos: a ignorância. << O operário tem a obrigação de se instruir e combater a ignorância >>, era uma das máximas em voga. Os anarquistas sustentavam o confronto entre a razão científica e o teísmo para concluir que Deus e o homem eram antagónicos. A Igreja ensinava os valores do conformismo e da resignação, cerceando deste modo a liberdade das pessoas e a sua capacidade de raciocínio. A educação do operário que o tornasse livre e judicioso era imprescindível para conseguir a ansiada revolução social."

(Pag. 92)

Pude visualizar cada traço da arquitetura construída e/ou ao longo das ruas. Pude cheirar o cheiro nauseabundo das ruas de Barcelona. Pude sentir - como se lá estivesse - cada luta constante dos trabalhadores por melhores condições. Pude ver a miséria espantadas nos olhos dos operários, enquanto via a ganância nos burgueses. Pude ver cada linha do talento de Dalmau. 

Uma coisa que não gostei no livro foram as letras minúsculas, mas devido à extensão do livro, compreende-se. Também quando lemos, é quase como se fosse apenas um pormenor, pois após embrenharmos na leitura, queremos sempre saber o que vai acontecer a seguir e, acabamos por ler num ápice. 

Avaliação: ⭐⭐⭐⭐⭐

Aproveito para agradecer à Suma de Letras pela cedência do livro. Foi um livro que entrei a receio pelo tamanho do livro, mas será uma daquelas leituras que nunca me irei arrepender de ter um dia lido. 

Obviamente que, recomendo-vos a leitura de "O Pintor de Almas", por tudo o que indiquei em cima. E, se vos importa… Este foi um dos melhores livros que já li este ano. Pela rica história que podemos não criar muitas expetativas ao início, mas torna-se uma das obras mais completas lidas, sem deixar qualquer ponta solta. 

Para adquirir o livro, podem fazê-lo através da Wook. Espero que tenha-vos dado uma ótima sugestão de leitura para lerem nesta altura. 

Um beijinho e, até amanhã!

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